Com bandido há que ser duro
Darci de Matos *
No dia 2 de novembro vimos nos noticiários televisivos uma cena absurda acontecida na China. Uma passageira discutia com o motorista de um ônibus, jogou um celular nele e o veículo se descontrolou e caiu de cima da ponte. Todos os 15 passageiros morreram. Esta pode ser uma alegoria do Brasil. Tivemos a eleição mais renhida da história e a sociedade saiu tremendamente dividida. Agora precisamos juntar os cacos, pois se o país não voltar a crescer pode acontecer um desastre como o do ônibus chinês. Ninguém ganha numa situação dessas.
Só com a união de esforços teremos condições de resgatar o Brasil do caos. Não é possível que um país, sem guerra, tenha cerca de 60 mil homicídios por ano. Não é possível que, de cada 100 homicídios, em apenas quatro os responsáveis sejam punidos e enviados para a prisão. Não é possível que os criminosos comandem suas quadrilhas de dentro das prisões. Não é possível que o dinheiro do narcotráfico continue irrigando os canais dos setores que deveriam combater o crime. E este é apenas um setor a ser enfrentado.
Se não houver uma reconciliação em prol de um Brasil rejuvenescido, cheio de esperança, nada vai avançar. Nestas horas sombrias devemos nos lembrar dos grandes líderes. E um deles foi Juscelino Kubstchek, que também pegou a nação dividida por causa da morte de Getúlio Vargas e colocou o Brasil na modernidade. Enfrentou duas rebeliões militares, mas logo após derrotar seus inimigos, anistiou-os pois queria desarmar os ânimos. Em três anos e meio construiu uma nova capital, coisa considerada impossível pelos analistas estrangeiros.
Qual o segredo de JK para alcançar suas vitórias? Incutiu no povo a esperança. Eu espero que o Brasil viva novamente um tempo de otimismo e de pujança econômica. Aqui cabe uma frase de Santo Agostinho: “Na essência somos iguais, nas diferenças nos respeitamos”. Há várias maneiras de se alcançar o desenvolvimento. Se soubermos respeitar nossos interlocutores, o caminho fica bem mais fácil.
Voltaire dizia que “o homem que se vinga quando vence não é digno da sua vitória”. Em tempos de novos governantes, está aí uma boa bandeira para o começo da corrida. Desarmar os espíritos é o melhor remédio neste momento.
* Darci de Matos é deputado federal darci@darcidematos.com.br